quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MUST DANCE - inspirações pra quem quer dançar no casamento


Os casamentos estão ficando cada dia mais diferentes e com a cara dos noivos. Dançarinos ou não, uma moda americana que está chegando no Brasil é a dança dos noivos, uma dança divertida e ensaiada que "substitui" a tradicional valsa. Não tem uma regra, essa dança pode ser uma música só, podem ser várias, podem dançar apenas os noivos, só a noiva, só o noivo, com os padrinhos, como quiserem. A intenção é se divertir e fazer os convidados interagirem com a festa.
Pra quem procura inspiração, selecionei os vídeos mais legais e criativos, brasileiros ou não, com dancinhas desse tipo. Divirtam-se ;)

1 - Mayana e Maicon: um vídeo brasileiríssimo de noivos cheios de carisma. Vc assiste sorrindo.


2 - Brian's Surprise: vídeo da surpresa de um noivo americano pra sua recém esposa. Com bom humor, tudo fica perfeito. Ele é impagável!


3 - Flávia e Leandro: reparem como a escolha de músicas que os convidados conheçam é importante pra que todo mundo curta o momento. A idéia é mesclar músicas que sejam do gosto do casal com músicas famosas. Como plus, temos esse noivo que super entrou no clima e se divertiu a beça.


4 - Padrinhos x Madrinhas: no meio da valsa dos noivos, madrinhas e padrinhos fazem uma batalha de dança divertida - e acirrada!


5 - Música na entrada da cerimônia: esse vídeo é velhinho, mas pela quantidade de visualizações sabemos que ele é um favorito. Assistam e entendam porquê.


6 - Thayane (e André): é claro que a vontade de fazer uma valsa diferente e que inclua dança geralmente parte da noiva. Às vezes dá pra convencer o noivo, às vezes não. Nem por isso a Thayane desistiu do sonho dela.


7 - Carol e Guilherme: além de muito bem ensaiados, eles ainda permitiram a participação das crianças. Rápido, prático e divertido!




8 - Carol e Guto: o casal escolheu colocar os amigos da escola de dança deles na brincadeira. Os convidados adoraram.



Dicas pra quem vai encarar a brincadeira:

- se você gostou da idéia, converse com seu noivo (a), mostre os vídeos e veja o que ele (a) acha.
- se você vai meter os padrinhos e os amigos nessa, converse com eles em torno de 4 meses antes do casamento, pra conseguir conciliar um horário semanal que todo mundo possa se comprometer a ensaiar.
- não precisa saber dançar nada para fazer uma valsa diferente. Vejam vídeos na internet e montem a coreografia de vocês. Se não se sentem seguros, contratem um professor para orientá-los. Dança não é jeito nem dom, é prática e qualquer um pode fazer.
- as danças brasileiras tendem a ser muito parecidas pela mistura das músicas famosas. Tentem levar em consideração a história do casal e os gostos de vocês. Como tudo no grande dia, a festa é de vocês e deve ter a cara dos dois. 
- noivas: considerem o vestido de vocês na hora de ensaiar os movimentos. Notem que muitas noivas optam por vestidos curtos pra hora da festa pra ter mais mobilidade pra fazer o que foi ensaiado. Os 'tomaraquecaia' da vida também tentem a surpreender na hora se não estiverem bem certinhos.

Pra quem mora em São Paulo, tenho indicações de professores que fazem coreografia e ensaios com vocês. Só me pedir ;)

Bjs e até a próxima

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

MUST LISTEN - os sertanejos de novembro


Balada sertaneja bomba nesse nosso Brasil e cada vez mais aumenta o número de pés de valsa no salão. As academias de dança estão fazendo o maior sucesso com suas aulas de sertanejo e vanerão. 
Pra quem frequenta as pistas, uma boa música faz toda a diferença na hora de curtir a noite. Vamos ver o faz sucesso em novembro?

1. Varinha Mágica - Pedro e Fernando (part. especial Munhoz e Mariano)



2. Maus Bocados - Cristiano Araújo



3. Não era eu - Cesar Menotti e Fabiano



4. Fernando e Sorocaba - Mô



5. Jorge e Mateus - Logo eu



6. Bruno e Davi - Ce é loco



7. Joao Bosco e Vinicius - Um lugarzinho na sua cama



8. Zé Ricardo e Thiago - To ruim



9. Rio Negro e Solimões - O cowboy vai te pegar



10. Humberto e Ronaldo - Dia de sorte



Pode por pra tocar no carro, em casa, no sítio no final de semana. Todo mundo vai curtir.

E ai, gostaram?

Carol (:

domingo, 29 de setembro de 2013

MUST watch - As séries que estreiam nessa temporada

A partir de outubro as amadas séries estrangeiras voltam com episódios inéditos para os fãs. Além delas, as emissoras divulgaram as novas promessas pra temporada. Selecionei algumas para apresentar pra vocês:


Ravenswood

Situada em Ravenswood, cidade vizinha a já conhecida Rosewood (PLL), o seriado nada mais é do que um spinoff de Pretty Little Liars. Vivendo há gerações sob uma terrível maldição, a cidade recebe cinco estranhos que começam a investigar a história de Ravenswood e seus mistérios, em busca de uma forma de quebrar a maldição e salvar suas vidas.
O primeiro teaser mostra os cinco personagens principais. Um deles é Tyler Blackburn, o Caleb de PLL, que em breve vai se separar de Hanna no Liars, mas não vai sumir das telinhas.


Ravenswood estréia 22 de outubro na tv americana, logo após o especial de dia das bruxas de PLL. Já anotem na agenda para baixar ou assistir online, porque a série é promessa garantida de sucesso!


The Blacklist

Red costumava ser um agente do governo americano, até desertar pra ir ajudar os criminosos mais perigosos do mundo. Um dia, sem ninguém imaginar, ele entra no escritório da agência e oferece uma proposta: trabalhar para o FBI para capturar os criminosos mais perigosos do mundo. Sua exigência? Que ele fale apenas com Elizabeth Keen, uma nova agente do escritório.
Sem entender os motivos de sua exigência, eles aceitam a oferta e a série efetivamente começa. Quem é essa Elizabeth? Por que ele quis trabalhar com ela? Por que ele voltou a trabalhar ao lado do governo americano? Bom, temos que assistir pra descobrir. A série promete prender a atenção e se tornar um vício. Afinal, quem não adora um bom suspense e um personagem cheio de segredos?






A série vai ao ar nos EUA toda segunda-feira. O capítulo de estréia foi essa semana, dia 23. No Brasil, ela vai ser exibida pela SONY toda terça as 21h, começando dia 1 de outubro.


Agents of S H I E L D

Quem lembra do querido agente Phil Coulson? Ele é o principal da nova série da ABC, Agents of SHIELD, que vem pra manter o sucesso da Marvel agora semanalmente nas telinhas.
Embora a Marvel seja famosa por seus super heróis, o foco da série será no lado humano, nos agentes da SHIELD que não possuem nenhum poder especial, mas que precisam lidar com o inesperado a todo momento. 
A série estreiou nos EUA dia 24 de setembro com recorde de audiência (11,9 milhões de telespectadores) e promete ser o sucesso da temporada. Marvel né gente!



No Brasil, ela chegou até nós pela SONY, todas as quintas as 21h, a partir de 26 de setembro.


Once Upon a Time in Wonderland

Falando em spinoffs, não podemos deixar de lado a série derivada da amada Once Upon a Time: Once Upon a Time in Wonderland. A história começa em Storybrooke e conta sobre Alice, que jura pra quem quiser ouvir que conheceu um país das Maravilhas através da toca do coelho.
Acreditando que ela esteja doente, sua família pede ajuda a médicos que a farão esquecer toda essa "fantasia". Apaixonada pelo misterioso Cyrus que ela conheceu no país das Maravilhas, ela resolve aceitar o tratamento na esperança de esquecer esse amor. Mas, pouco antes de iniciar os procedimentos, Valete de Copas e o Coelho Branco a resgatam para que ela possa viver novas aventuras em Wonderland.
Dizem por ai que OUAT e seu spinoff irão se cruzar, mas não sabemos quando nem onde nem porquê. Uma coisa é certa: quem assiste a série principal, nunca deixa de dar uma conferida em sua secundária, né?



OUAT in Wonderland começa dia 10 de outubro nos EUA tb pela ABC Family.


The Originals

Já que comentamos sobre spinoffs, não podemos deixar de fora The Originals, a derivada de Vampire Diaries. O seriado conta a história dos Vampiros Originais de New Orleans e já teve seu episódio de estréia inserido na última temporada de Vampire Diaries. Apesar de já ter tido sua estréia, a série vai ganhar um novo piloto com nova ordem cronológica para permitir que os personagens de New Orleans e Mystic Falls se encontrem nas séries irmãs.

A série vai ao ar nos EUA dia 03 de outubro pela CW. 

Outras novidades
Aproveitando o gancho, não deixem de conferir também as outras séries estreantes (datas do início nos EUA):
- Betrayal - estréia 29 de setembro
- Back in the game - estréia 25 de setembro
- The Goldbergs - estréia 24 de setembro
- Lucky 7 - estréia 24 de setembro
- Super Fun Night - estréia 02 de outubro
- Trophy Wife - estréia 24 de setembro

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

MUST READ - Number One

Oi Oi Gente

Aqui no Must Read Vamos ter um pouco de tudo : resenhas,dicas de livros,comentários sobre a versão filme...enfim toda informação que precisarem. Aceitamos sugestões de vocês também.
 E pra começar com o pé direito hoje temos a resenha de um livro que virou febre em todo o mundo, o livro "A Culpa é das Estrelas. "  Espero que gostem.

 "A Culpa é das Estrelas. " 

Autor: John Green
Editora: Intríseca
Ano de Publicação: 2012



    Ao primeiro capítulo do livro conhecemos Hazel Grace, uma adolescente que está prestes a completar seu décimo sétimo aniversário e já revela com humor que é uma paciente de câncer.Eu particularmente me senti muito triste em relação há isso e já pensei em várias coisas antes mesmo de passar a página. Enfim , no primeiro capítulo a Hazel vai nos contar que a mãe é super protetora e preocupada com o estado da filha resolve levá-la ao médico cujo o diagnóstico foi uma depressão . A Hazel não achava que aquilo era uma depressão porém não teve jeito de contrariar a mãe e foi colocada em um Grupo de Apoio ao qual deveria ir uma vez por semana. É nessas idas ao grupo que a nossa protagonista conhece o sexy,gato e maravilhoso Augustus Waters , mais conhecido como GUS.  Bom eu particularmente achei todos os critérios positivos pra esse livro definitivamente você vai rir e vai chorar com o livro. É pequeno mais define uma paixão surpreendentemente completa, recomendo a todos . 

PS: E como um bônus de primeiro Must Read deixo aqui o primeiro capítulo do livro , Beijos e Aproveitem!

    CAPÍTULO UM



Faltando pouco para eu completar meu décimo sétimo aniversário de vida minha mãe resolveu que eu estava deprimida,provavelmente porque quase nunca saía de casa, passava horas na cama, lia o mesmo livro várias vezes, raramente comia e dedicava grande parte do meu abundante tempo livre pensando na morte.
Sempre que você lê um folheto, uma página da Internet ou sei lá o que mais sobre câncer, a depressão aparece na lista dos efeitos colaterais. Só que, na verdade, ela não é um efeito colateral do câncer. É um efeito colateral de se estar morrendo. (O câncer também é um efeito colateral de se estar morrendo. Quase tudo é, na verdade). Mas a mamãe achava que eu precisava de tratamento, então me levou ao meu médico comum, o Jim, que concordou que eu, de fato, estava nadando numa depressão paralisante e totalmente clínica e, portanto, ele ia trocar meus remédios e, além disso, eu teria que frequentar um Grupo de Apoio uma vez por semana.
O grupo era formado por um elenco rotativo de pessoas com várias questões psicológicas desencadeadas pelos tumores. A razão de o elenco ser rotativo? Efeito colateral de se estar morrendo.
O Grupo de Apoio era megadeprimente, óbvio. A reunião acontecia toda quarta-feira no porão de uma igreja episco- pal — uma construção no formato de cruz com paredes de pe- dra. Nós nos sentávamos em uma roda bem no meio da cruz: onde os dois pedaços de madeira um dia se cruzaram, onde esteve o coração de Jesus.
Sabia disso porque o Patrick, Líder do Grupo de Apoio e o único naquele lugar com mais de dezoito anos, falava sobre o coração de Jesus todo raio de reunião, sobre como nós, jovens sobreviventes do câncer, estávamos sentados bem no sagrado coração de Cristo, e tal.
Bem, era assim que acontecia no coração do Senhor: os seis ou sete ou dez de nós chegávamos lá a pé/de cadeira de rodas, comíamos um pouco daqueles biscoitos velhos com limonada, sentávamos na Roda da Esperança e ouvíamos o Patrick contar pela milésima vez a história ultradeprimente e superinfeliz da sua vida — sobre ter tido câncer nas bolas e acharem que ele ia morrer, mas não morreu, e ali estava, já adulto, no porão de uma igreja na 137a cidade mais linda dos Estados Unidos, divorciado, viciado em videogames, quase sem amigos, levando uma vida sem graça explorando seu fantástico passado com câncer, ralando para terminar um mestrado que não vai melhorar sua perspectiva de progresso na carreira e esperando, como todos nós, que a espada de Dâmocles traga para ele o alívio do qual escapou muitos anos atrás, quando o câncer levou seus testículos e lhe deixou algo que só a alma mais generosa poderia chamar de vida.
E VOCÊS TAMBÉM PODEM TER ESSA SORTE!
Aí nós nos apresentávamos: Nome. Idade. Diagnóstico. E como estávamos no dia. Meu nome é Hazel, dizia na minha vez. Dezesseis. Tireoide, originalmente, mas com uma respeitável colônia satélite há muito tempo instalada nos pulmões. E está tudo bem comigo.
Depois do último da roda, o Patrick sempre perguntava se alguém queria se abrir. E aí começava a punheta grupal de apoio mútuo: todo mundo falando de lutar, combater, vencer, remitir e examinar. Para não ser injusta com o Patrick, ele nos deixava falar da morte. Mas a maioria ali não estava morrendo. A maioria viveria até a idade adulta. Como o Patrick.
(Isso significa que havia muita competição, com todo mundo querendo vencer não só o câncer, mas também as outras pessoas da roda. Tipo, eu sei que não faz o menor sentido, mas quando você ouve que tem, por exemplo, vinte por cento de chance de viver cinco anos, e faz as contas e conclui que isso é uma chance em cinco... você olha em volta e pensa, como qualquer pessoa saudável faria: eu preciso durar mais que quatro desses desgraçados.)
A única coisa que salvava no Grupo de Apoio era um menino chamado Isaac, um magrelo de rosto comprido, com cabelos loiros e lisos que cobriam um de seus olhos.
E seu problema eram os olhos. Ele teve um tipo inacreditavelmente improvável de câncer ocular. Um olho foi extraído quando ele era pequeno, e agora o Isaac usava um par de óculos fundo de garrafa que fazia os olhos (tanto o de verdade quanto o de vidro) parecerem sobrenaturalmente grandes, como se a cabeça inteira fosse basicamente o globo ocular de mentira e o de verdade olhando para você. Pelo que pude en- tender das raras vezes que ele se abriu para o grupo, uma recorrência colocou o olho que resta em perigo mortal.
O Isaac e eu nos comunicávamos quase exclusivamente por meio de suspiros. Cada vez que alguém falava de dietas anticâncer, de cheirar cartilagem de tubarão em pó ou sei lá, ele me olhava e suspirava de leve. Eu balançava a cabeça em um movimento microscópico e dava um suspiro em resposta.
Então o Grupo de Apoio deu o que tinha de dar, e depois de algumas semanas eu passei a surtar quando tocavam no assunto.
Na verdade, na quarta-feira em que conheci o Augustus Wa- ters, tinha feito de tudo para me livrar da ida à sessão de grupo enquanto estava sentada no sofá com a mamãe, no meio da terceira parte da maratona de doze horas da temporada anterior de America’s Next Top Model, que, confesso, já tinha visto, mas mesmo assim...
Eu: “Eu me recuso a ir ao Grupo de Apoio.”
Mamãe: “Um dos sintomas da depressão é a falta de interesse em participar de atividades.”
Eu: “Por favor, mãe, deixe eu ficar vendo America’s Next Top Model. Isso é uma atividade.”
Mamãe: “Televisão é passividade.” Eu: “Pô, mãe, por favor...” Mamãe: “Hazel, você já é adolescente.
Não é mais criancinha. Precisa fazer amigos, sair de casa, viver sua vida.” Eu: “Se você quer que eu aja como adolescente, não me mande para o Grupo de Apoio. Compre uma carteira de identidade falsa para mim e aí eu vou sair à noite, beber vodca e tomar baseado.” Mamãe: “Para início de conversa, não se toma baseado.” Eu: “Viu? Esse é o tipo de coisa que eu saberia se você comprasse uma carteira de identidade falsa para mim.” Mamãe: “Você vai para o Grupo de Apoio.” Eu: “SAAAAAAACO.” Mamãe: “Hazel, você merece uma vida.”
Aquilo me fez calar a boca, mesmo não tendo conseguido entender o que a ida ao Grupo de Apoio tinha a ver com a definição de vida. De qualquer jeito, concordei em ir — depois de negociar o direito de gravar o episódio e meio do ANTM que eu ia perder.
Ia ao Grupo de Apoio pelo mesmo motivo que uma vez deixei enfermeiras com um ano e meio de faculdade me enve- nenarem com substâncias químicas de nomes exóticos: queria fazer meus pais felizes. Só tem uma coisa pior nesse mundo que bater as botas aos dezesseis anos por causa de um câncer: ter um filho que bate as botas por causa de um câncer.
Mamãe parou na entrada de carros circular atrás da igreja às 4h56. Fingi que estava ajeitando o cilindro de oxigênio por um segundo só para ganhar tempo.
— Quer que eu o carregue até lá dentro? — Não, está tudo bem — respondi. O cilindro verde só pesava uns poucos quilos e eu tinha um carrinho de aço para transportá-lo. Aquilo me fornecia dois litros de oxigênio por minuto através de uma cânula, um tubo transparente que se dividia bem embaixo do meu pescoço, pas- sava por trás das orelhas e se juntava de novo nas narinas. A geringonça era necessária porque meus pulmões faziam um péssimo trabalho como pulmões.
— Eu te amo — ela disse, enquanto eu saltava do carro. — Eu também, mãe. Vejo você às seis. — Faça amigos! — ela gritou pela janela abaixada enquanto eu me distanciava. Não quis usar o elevador porque isso é o tipo de coisa que você faz nos seus “Últimos dias no Grupo de Apoio”, então fui de escada. Peguei um biscoito, coloquei um pouco de limona- da num copo descartável e me virei.
Um garoto olhava fixamente para mim.
Eu tinha quase certeza de nunca ter visto aquele cara na vida. Alto e magro, mas musculoso, ele fazia a cadeira de plás- tico, daquelas usadas em sala de aula, parecer minúscula. Cabelo acaju, liso e curto. Parecia ter a minha idade, talvez um ano mais velho, e estava sentado com o cóccix na beirada da cadeira, uma postura péssima, com uma das mãos enfiada até a metade no bolso da calça jeans escura. Desviei o olhar, repentinamente consciente da quantidade infinita de coisas erradas em mim. Eu estava com uma calça jeans velha, que algum dia foi justa mas que agora ficava folgada nos lugares mais estranhos, e uma camiseta de malha ama- rela com o nome de uma banda da qual eu nem gostava mais. Tinha também meu cabelo: cortado tipo Príncipe Valente, e eu nem tive a preocupação de, puxa, dar uma escovada nele. Além disso, minhas bochechas estavam ridiculamente redondas, como as de um esquilo, efeito colateral do tratamento. Eu era uma pessoa de proporções normais com um balão no lugar da cabeça. Isso sem falar do inchaço nos tornozelos. Mesmo assim, dei uma espiada rápida e os olhos dele ainda estavam grudados em mim.
Foi então que entendi o verdadeiro sentido de aquilo ser chamado de contato visual.
Andei até a roda e me sentei ao lado do Isaac, a duas cadeiras do garoto. Olhei de novo, rapidamente. Ele ainda me observava.
Na boa, vou logo dizendo: ele era um gato. Se um cara que não é gato encara você sem parar, isso é, na melhor das hipóteses, esquisito, e na pior, algum tipo de assédio. Mas se é um cara gato... na boa...
Peguei meu celular e apertei uma tecla para ver as horas. Os lugares na roda foram ocupados por azarados de doze a dezoito anos e, então, o Patrick deu início aos trabalhos com a prece da serenidade: Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que posso, e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas. O garoto ainda estava me encarando. Senti meu rosto ficar vermelho.
Por fim, resolvi que a melhor estratégia seria também olhar fixamente para ele. Afinal de contas, os garotos não detêm o monopólio da Atividade Encaradora. Foquei nele enquanto o Patrick explicava pela milésima vez sua ausência de bolas etc., e aquilo logo virou um Jogo do Sério. Depois de um tem- po o garoto sorriu e, até que enfim, desviou os olhos azuis.
Quando me olhou de novo, arqueei as sobrancelhas como que dizendo: ganhei.
Ele deu de ombros. O Patrick prosseguiu e, enfim, a hora das apresentações chegou.
— Isaac, talvez você queira ser o primeiro hoje. Sei que está enfrentando um grande desafio no momento.
— É — o Isaac disse. — Meu nome é Isaac. Tenho dezessete anos. Parece que vou precisar ser operado em duas semanas, depois vou ficar cego. Não estou reclamando nem nada porque sei que poderia ser pior, como no caso de alguns aqui, mas, quer dizer, ficar cego é, tipo, uma droga. Ter uma namorada me ajuda. Além de amigos como o Augustus. — Ele balançou a cabeça na direção do garoto, que agora tinha nome. — Pois é... — continuou. Ele estava olhando para as mãos, os dedos cruzados parecendo o topo de uma tenda indígena. — Não há nada que se possa fazer para mudar isso.
— Estamos do seu lado, Isaac — o Patrick falou. — Vamos lá, pessoal, digam para o Isaac ouvir. E então todos nós, em uníssono, dissemos: — Estamos do seu lado, Isaac. O Michael foi o próximo. Ele tinha doze anos. Sofria de leucemia. Desde que se entendia por gente. E estava bem. (Pelo menos foi o que disse. Ele desceu de elevador.)
A Lida tinha dezesseis anos e era bonita o suficiente para ser alvo do olhar do cara gato. Era frequentadora assídua das reu- niões — estava em um longo período de remissão de um câncer de apêndice, que eu nem sabia que existia. Ela disse — como em todas as outras vezes que eu fui às sessões do grupo — que se sentia forte, o que para mim, com aquela chuvinha de oxigênio fazendo cosquinhas no nariz, era o mesmo que tirar onda.
Outros cinco falaram antes do cara gato. Ele deu um sorrisinho quando chegou sua vez. A voz era baixa, aveludada e supersensual.
— Meu nome é Augustus Waters — disse. — Tenho dezes- sete anos. Tive um pouco de osteossarcoma um ano e meio atrás, mas só estou aqui hoje porque o Isaac pediu.
— E como está se sentindo? — o Patrick perguntou.
— Ah, maravilha. — Augustus Waters deu um sorrisinho. — Estou numa montanha-russa que só vai para cima, amigão.
Quando chegou minha vez, eu disse:
— Meu nome é Hazel. Tenho dezesseis anos. Tireoide com metástase nos pulmões. Estou bem. A hora passou rápido. Lutas foram recontadas, batalhas ga- nhas em guerras que com certeza seriam perdidas; a esperança virou tábua de salvação; famílias foram celebradas e recrimina- das; foi consenso que os amigos não entendiam nada; lágrimas foram compartilhadas, e consolo, oferecido. Nem eu nem o Augustus Waters tínhamos soltado uma palavra, até que o Patrick disse:
— Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
— Meus medos? — É. — Eutenhomedodeseresquecido—disseeledebate-pronto. — Tenho medo disso como um cego tem medo de escuro. — Calma aí... — disse Isaac, abrindo um sorriso. — Estou sendo insensível? — perguntou o Augustus. — Eu posso ser bem cego quando o assunto são os sentimentos das outras pessoas. O Isaac estava rindo, mas o Patrick levantou um dedo, repreendendo-o.
— Por favor, Augustus. Voltemos a você e às suas questões. Disse que tem medo de ser esquecido?
— É — respondeu o Augustus. O Patrick pareceu meio perdido.
— Alguém, ahn, alguém gostaria de fazer algum comentário?
Eu não frequentava uma escola de verdade havia três anos. Meus melhores amigos eram meus pais. Meu terceiro melhor amigo era um escritor que nem sabia que eu existia. Eu era relativamente tímida — de jeito nenhum o tipo que levanta a mão para falar.
E, mesmo assim, só dessa vez, resolvi abrir o verbo. Levantei a mão, e o Patrick, a satisfação estampada na cara, disse:
— Hazel!
Eu estava, tenho certeza de que foi isso o que ele pensou, me abrindo. “Me tornando parte do grupo.” Olhei na direção do Augustus Waters, que me encarava. Dava quase para ver através dos olhos dele, de tão azuis.
— Vai chegar um dia — eu disse — em que todos vamos estar mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui — fiz um gesto abrangente — vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá. Deus sabe que é isso o que todo mundo faz.
Eu tinha aprendido aquilo com meu já citado terceiro melhor amigo, Peter Van Houten, o autor recluso de Uma aflição imperial — de todos os meus livros, o mais próximo de uma Bíblia. Peter Van Houten era a única pessoa que eu conhecia que parecia: (a) entender o que era estar morrendo, e (b) não ter morrido.
Assim que terminei fez-se um longo silêncio, e eu pude ver um sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto do Au- gustus — não o tipo de sorriso cafajeste do garoto tentando parecer sexy ao me encarar, mas um sorriso sincero, quase maior que a cara dele.
— Caramba!—disseelebaixinho.—Nãoéquevocêémes- mo demais?
Nós dois não falamos mais nada até o fim da reunião, quando todos se deram as mãos e o Patrick nos guiou em uma prece. — Senhor Jesus Cristo, estamos aqui reunidos em Seu coração, literalmente em Seu coração, como sobreviventes do câncer. O Senhor e somente o Senhor nos conhece como conhecemos a nós mesmos. Nos guie pela vida e para a Luz em nossos perío- dos de provação. Oremos pelos olhos do Isaac, pelo sangue do Michael e do Jamie, pelos ossos do Augustus, pelos pulmões da Hazel, pela garganta do James. Oremos para que o Senhor con- siga nos curar e para que possamos sentir Seu amor e Sua paz, que excedem todo o entendimento. E nos lembremos em nos- sos corações daqueles que um dia conhecemos, amamos e que foram para a Sua casa: Maria, Kade, Joseph, Haley, Abigail, Angelina, Taylor, Gabriel...” A lista era grande. Tem muita gente morta no mundo. E enquanto o Patrick continuava a ladainha, lendo a relação em uma folha de papel porque era muito comprida para ser decorada, fiquei de olhos fechados, tentando elevar os pensamen- tos em oração, mas a maior parte do tempo imaginava o dia em que meu nome ocuparia um lugarzinho ali, bem no fim da lista, quando ninguém mais está prestando atenção.
Quando o Patrick acabou, entoamos juntos aquele mantra idiota — VIVENDO O MELHOR DA NOSSA VIDA HOJE — e foi o fim da reunião. O Augustus Waters empurrou o corpo para fora da cadeira e caminhou na minha direção. O andar dele era tão cafajeste quanto o sorriso. Ele parou na minha frente, mas manteve uma certa distância para eu poder olhá-lo nos olhos sem ter de esticar o pescoço.
— Qual é o seu nome? — ele perguntou. — Hazel. — Não, o nome completo. — Ahn, Hazel Grace Lancaster.
Ele ia dizendo alguma coisa quando o Isaac se aproximou.
— Só um instante — falou, levantando um dedo, e virou-se para o Isaac. — Isso foi pior do que você tinha dito, na verdade.
— Eu disse que era um tédio. — Por que você se dá o trabalho de vir aqui? — Sei lá. Meio que ajuda...? O Augustus inclinou o corpo achando que assim eu não conseguiria ouvi-lo. — Ela vem sempre? — Não deu para escutar o comentário do Isaac, mas o Augustus respondeu: — Quer saber? — Ele pe- gou o Isaac pelos ombros e deu meio passo para trás. — Conte a Hazel da ida ao médico.
O Isaac apoiou uma das mãos na mesa de biscoitos e virou o olho enorme para mim.
— Tá, é que eu fui ao médico hoje de manhã e estava falan- do para o meu cirurgião que preferiria ser surdo a ser cego. E ele disse: “Não é assim que as coisas funcionam.” Aí eu falei, tipo: “É, eu sei que não é assim; só estou dizendo que preferia ser surdo a ser cego se pudesse escolher, mas sei que não pos- so.” E ele: “Bem, a boa notícia é que você não vai ficar surdo.” Eu disse: “Obrigado por esclarecer que meu câncer no olho não vai me deixar surdo. É muita sorte minha ter um gênio como você me operando.”
— Ele é mesmo um gênio — falei. — Vou tentar arrumar um câncer qualquer no olho para poder conhecer esse cara.
— Boa sorte. Então, tá. Já vou indo. A Monica está me espe- rando. Preciso olhar bastante para ela enquanto posso.
— Counterinsurgence amanhã? — o Augustus perguntou.
— Com certeza. — O Isaac deu meia-volta e subiu as esca- das correndo, pulando os degraus de dois em dois.
Augustus Waters se virou para mim: — Literalmente. — Literalmente? — perguntei. — Estamos literalmente no coração de Jesus... Achei que estivéssemos no porão de uma igreja, mas estamos literalmente no coração de Jesus.
— AlguémdeveriacontarissoparaJesus—falei.—Querdizer, deve ser perigoso ficar guardando crianças com câncer no coração. — Eu mesmo poderia contar — o Augustus falou —, mas, para minha infelicidade, estou literalmente enterrado no coração Dele, então Ele não vai conseguir me ouvir. Eu ri. O Augustus balançou a cabeça, me olhando. — O que foi? — perguntei. — Nada — ele respondeu. — Por que você está olhando para mim desse jeito? Ele deu um sorrisinho. — Porque você é bonita. Eu gosto de olhar para pessoas bonitas, e faz algum tempo que resolvi não me negar os praze- res mais simples da existência humana. — Um silêncio cons- trangedor se seguiu. Mas o Augustus quebrou o gelo. — Quer dizer, principalmente porque, como você deliciosamente ob- servou, tudo isso vai acabar em total esquecimento, e tal...
Eu meio que engasguei, ou suspirei, ou soltei o ar de um jeito que pareceu quase uma tosse, e disse:
— Eu não sou boni...
— Você é tipo uma Natalie Portman milenar. Tipo a Natalie Portman em V de Vingança.
— Não vi esse filme — falei.
— Sério? — ele perguntou. — Garota linda, de cabelo curto, rejeita a autoridade e não consegue resistir a um cara que ela sabe que vai ser um problema. É sua autobiografia, pelo menos até aqui, pelo que posso ver.
Cada sílaba que saía da boca dele flertava comigo. O.k., ele meio que me deixava excitada. Eu nem sabia que garotos podiam me deixar excitada — pelo menos não, tipo, na vida real.
Uma menina mais nova passou por nós. — E aí, Alisa. Tudo bem? — ele perguntou. Ela sorriu e balbuciou: — Oi, Augustus. — Gente do Memorial — ele explicou. Memorial era o grande hospital de pesquisas. — Qual você frequenta? — OHospitalPediátrico—respondi,meu tom de voz mais baixo do que eu pretendia. Ele fez que sim com a cabeça. A con- versa parecia ter chegado ao fim. — Bem — falei, mexendo a ca- beça vagamente na direção dos degraus que levavam para fora do Coração Literal de Jesus. Inclinei o carrinho do oxigênio para apoiá-lo nas rodinhas e comecei a andar. O Augustus foi mancando ao meu lado. — Então, a gente se vê na próxima, talvez? — perguntei.
— Você deveria assistir — ele falou. — Ao V de Vingança, quero dizer.
— Tá. Vou ver se acho para assistir. — Não. Comigo. Na minha casa — ele disse. — Agora. Parei de andar. — Eu mal conheço você, Augustus Waters. Você pode muito bem ser o assassino do machado. Ele concordou. — Tem toda razão, Hazel Grace. E passou por mim, os ombros dando forma à camisa polo verde, as costas retas, os passos da direita um pouco mais marcantes enquanto andava firme e confiante apoiado no que eu determinei ser uma prótese. Às vezes o osteossarcoma leva um dos membros só para dar uma sondada em você. Depois, se gostar, leva o restante.
Eu o segui escada acima, devagar, ficando para trás. Degraus não são o forte dos meus pulmões. Aí fomos do coração de Jesus até o estacionamento, o frescor da brisa da primavera na medida certa, a luz do fim de tar- de divina em sua nocividade.
Mamãe não tinha chegado ainda, o que era estranho, porque ela quase sempre estava lá esperando por mim. Olhei em volta e vi que uma garota alta, morena e boazuda imprensava o Isaac na parede de pedra da igreja, beijando o menino de um jeito quase agressivo. Estávamos tão perto que eu podia escutar os ruídos estranhos das duas bocas grudadas, e ouvi o Isaac dizendo “sempre”, e ela respondendo com “sempre” também.
O Augustus apareceu de repente ao meu lado e sussurrou: — Eles são grandes adeptos de demonstrar afeto em público. — Qual é a do “sempre”? O ruído da troca de saliva aumentou de intensidade. — “Sempre” é o lema deles. Sempre vão se amar, e tal. Pelos meus cálculos, e sendo bastante conservador, eles devem ter trocado quatro milhões de mensagens de texto com a palavra sempre no ano passado.
Mais dois carros chegaram, levando embora o Michael e a Alisa. Aí sobramos só o Augustus e eu, observando o Isaac e a Monica, que continuavam frenéticos, como se não estivessem encostados na parede de um local de oração. Ele pôs a mão no peito dela, por cima da blusa, e apalpou o mamilo, a mão imóvel enquanto os dedos se mexiam. Fiquei me perguntando se aquilo seria gostoso. Não parecia, mas resolvi perdoar o Isaac levando em conta o fato de que ele estava para ficar cego. Os sentidos devem aproveitar enquanto ainda há apetite, e tal.
— Imagine a última ida de carro até o hospital — falei, baixinho. — A última vez que você vai dirigir um carro.
Sem me olhar, o Augustus disse:
— Você está atrapalhando a minha vibe aqui, Hazel Grace. Estou tentando observar o amor adolescente em sua esplendorosa estranheza.
— Acho que ele está machucando o peito dela — comentei.
— É. É difícil saber ao certo se ele está tentando excitar a menina ou fazer um exame de mama. Aí o Augustus colocou a mão no bolso e tirou de lá, por incrível que pareça, um maço de cigarros. Levantou a tampa da caixinha e colocou um cigarro na boca.
— Isso é sério? — perguntei. — Você acha isso legal? Ai, meu Deus, você acabou de estragar a coisa toda.
— Que coisa toda? — ele perguntou, virando para mim. O cigarro pendia apagado da boca, do canto que não sorria. — A coisa toda em que um garoto que não é pouco atraen- te ou pouco inteligente ou, aparentemente, de forma alguma pouco tolerável me encara e chama minha atenção para utilizações incorretas da literalidade e me compara a atrizes e me convida para ver um filme na casa dele. Mas é claro que sempre tem uma hamartia e a sua é que, ai, meu Deus, mesmo você TENDO TIDO UM RAIO DE UM CÂNCER ainda dá dinheiro para uma empresa em troca da chance de ter MAIS CÂNCER. Ai, meu Deus. Deixe eu só dizer para você como é não conse- guir respirar? É UM INFERNO. Totalmente decepcionante. Totalmente.
— Umahamartia?—eleperguntou,ocigarroaindanaboca.
Aquilo deixava sua mandíbula contraída. E a linha da mandíbula dele, infelizmente, era tudo...
— Uma falta trágica — expliquei, dando as costas para ele.
Dei um passo na direção do meio-fio, deixando o Augustus Waters para trás, e foi então que ouvi um carro dando a partida mais adiante na rua. Era a mamãe. Ela tinha ficado ali, esperando que eu, tipo, fizesse amigos ou coisa assim.
Senti um misto de decepção e raiva crescendo em mim. Nem sei direito que sentimento era aquele, sério, só que havia muito dele, e eu queria dar um soco na cara do Augustus Waters e ao mesmo tempo trocar meus pulmões por outros que não fossem péssimos. Eu estava de pé bem na pontinha do meio- -fio com meu All-Star Chuck Taylors, o cilindro de oxigênio no carrinho ao meu lado parecendo aquela bola de ferro que fica presa com uma corrente no tornozelo de um prisioneiro, e na hora que minha mãe ia encostando o carro senti a mão dele pegar a minha.
Puxei a mão mas me virei para ele.
— Eles não matam se você não acender — disse ele quando mamãe parou junto ao meio-fio. — E eu nunca acendi nenhum. É uma metáfora. Tipo: você coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço.
— É uma metáfora — falei, hesitante. Mamãe esperava, quieta. — É uma metáfora — ele repetiu. — Você determina seu comportamento com base nas ressonâncias metafóricas... — Ah, é. — Ele sorriu. O sorriso largo, meio bobo e sincero. — Sou um grande adepto da metáfora, Hazel Grace. Eu me virei para o carro. Dei uma batidinha na janela. Que se abriu. — Vou ver um filme com o Augustus Waters — falei. — Grave, por favor, os próximos episódios da maratona do ANTM para mim.